Emiliano Di Cavalcanti, uma das figuras centrais da arte brasileira no século XX, foi pintor, ilustrador, gravador, muralista, desenhista, escritor, cenógrafo e jornalista, destacando-se pelo seu engajamento em questões sociais—um interesse que transpôs para sua obra. Com um estilo marcante, o artista foi um defensor da pintura figurativa e buscou representar a cultura brasileira em sua produção visual. Suas obras retratam o cotidiano do povo brasileiro, o samba, as festas populares, personagens de seu entorno e a vida urbana.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1917 mudou-se para São Paulo, onde frequentou a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e trabalhou para jornais e revistas como revisor e ilustrador. No mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual de caricaturas na redação da revista A Cigarra. Estimulado pelo ambiente cultural no qual se inseriu e entrando em contato com artistas e intelectuais como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida, Di Cavalcanti foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, evento realizado no Theatro Municipal de São Paulo que marcou o movimento modernista brasileiro e influenciou artistas ao longo das décadas seguintes.
Em 1923, Di Cavalcanti viajou como correspondente do Correio da Manhã para Paris, onde montou um ateliê. Na capital francesa, conheceu de perto a produção de grandes expoentes do modernismo europeu, como Pablo Picasso, Henri Matisse, Fernand Léger, entre outros. Retornou ao Brasil em 1925 e, em 1932, fundou em São Paulo o Clube dos Artistas Modernos (CAM) com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, uma estratégia de agremiação que possibilitava aos artistas independência das academias de arte.
Sua obra tem sido reconhecida e celebrada desde a década de 1950. Em 1953 recebeu, junto com Alfredo Volpi, o prêmio de melhor pintor nacional na 2ª Bienal Internacional de São Paulo e, no ano seguinte, foi homenageado no MAM Rio de Janeiro com uma exposição retrospectiva de suas pinturas. Mais recentemente, dois importantes museus paulistas realizaram mostras de fôlego sobre o artista: No subúrbio da modernidade: Di Cavalcanti 120 anos, na Pinacoteca de São Paulo, Brasil (2017); e Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2, no MAM São Paulo, Brasil (2021). Obras de Di Cavalcanti integram acervos como: Pinacoteca de São Paulo; MAM São Paulo; MAM Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea da USP – MAC USP; Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP; entre outras.