Milton Dacosta foi precursor das tendências construtivas no Brasil. Ao longo de sua trajetória, produziu desenhos e gravuras, mas foi no campo da pintura que desenvolveu uma linguagem singular. Sua posição cosmopolita diante da História da Arte, mas nem por isso derivativa, faz com que a década de 1950 seja reconhecida como o período mais significativo da produção do artista. Séries desse período, como os Castelos e as sequências Em Vermelho, Em verde, Em branco, demonstram a investigação apurada de aspectos como horizontalidade e verticalidade, luz e sombra, opacidade e transparência, densidade e vazio.  

Nascido no Rio de Janeiro, em 1919, Milton Dacosta foi um dos mais jovens fundadores do Núcleo Bernardelli, grupo que reuniu estudantes e professores da Escola Nacional de Belas Artes, em uma reação ao academicismo da instituição. Nesse período de formação, o modelo é sobretudo a Escola de Paris. Dacosta logo incorpora as soluções pictóricas modernistas, particularmente, o sentido construtivo da pincelada. Seu percurso em direção à abstração é iniciado com a geometrização e planificação da figura, visível nas pinturas produzidas entre os anos 1940 e meados da década seguinte. Os temas são variados e vão desde cenas cotidianas, naturezas mortas e retratos. Os temas são variados e vão desde cenas cotidianas, naturezas mortas e retratos. Saturadas de um caráter reflexivo, suas pinturas abstratas não são isentas de subjetividade. 

Teve exposições individuais no Instituto dos Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro (1945); na Petite Galerie, Rio de Janeiro (1955 e 1971); e, recentemente, a retrospectiva Milton Dacosta: a cor do silêncio, realizada na Almeida & Dale, São Paulo, Brasil (2018). Participou de inúmeras exposições coletivas no Brasil e no exterior, como a 25ª Bienal de Veneza (1950); diversas edições da Bienal de São Paulo (1951, 1955, 1957, 1961 e 1979); 3º Panorama da Arte Brasileira (1971); entre outras. Sua obra está presente em diversos acervos no Brasil e em acervos internacionais.