Sobre

1922, Salvador, BA, Brasil - 1991, São Paulo, SP, Brasil

Rubem Valentim foi um artista central no movimento de renovação das artes na Bahia em meados do século XX. Nasceu e viveu boa parte de sua vida em Salvador, cidade com a maior população negra fora do continente africano, onde conviveu com a simbologia mágica das religiões afro-brasileiras, principalmente o Candomblé e a Umbanda, que desempenham papel central em seu universo simbólico.  

Os instrumentos de culto, as estruturas físicas dos terreiros e a simbologia das entidades são representados em sua obra como imagens estilizadas criadas através de uma sóbria estetização dessas figuras. Além do uso simbólico das cores relacionadas aos orixás, suas obras adotam formas geométricas como retângulos, círculos, triângulos e trapézios, formando emblemas que são dispostos em obras de suportes como pinturas, gravuras, relevos e esculturas. Ultrapassando um uso formalista de imagens religiosas, Valentim mantém a ligação destes emblemas com as suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como proteção, sexualidade, nascimento, morte, renascimento, ciclo da vida e da natureza. 

Valentim viveu na Europa entre 1963 e 1966 após receber um prêmio de viagem pela sua participação no 11º Salão Nacional de Arte Moderna (1962). Sua primeira exposição individual fora do Brasil – primeira individual de um artista negro do Brasil fora do país – aconteceu em 1965, na sede da Embaixada do Brasil na Itália, o Palazzo Pamphilj, local onde se realizou, em 2022, a mostra individual Rubem Valentim: A Riscadura Brasileira. No mesmo ano, foi organizada a mostra Ilê Funfun: uma homenagem ao centenário de Rubem Valentim, exibida na Almeida & Dale, São Paulo, no Museu Nacional da República, em Brasília, e no MAM Bahia, em Salvador (2022). Sua obra foi tema de retrospectivas em instituições como o Institute of Contemporary Art, Miami (2024); MASP (2018) e Pinacoteca de São Paulo (2001), entre outras. 

Valentim integrou grandes exposições coletivas, como a Bienal de Veneza (1962); várias edições da Bienal de São Paulo (1955, 1959, 1961, 1963, 1967, 1969, 1973, 1977, 1996 e 2023); e o 1º Festival Mundial de Artes Negras, em Dakar, Senegal (1966). Sua obra faz parte de importantes coleções institucionais no Brasil e no exterior, como Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Brasil; Pinacoteca de São Paulo, Brasil; MAM São Paulo, Brasil; MASP, Brasil; Centre Pompidou, França; Guggenheim Abu Dhabi, Emirados Árabes; MoMA, Estados Unidos; Galeria Nazionale d’Arte Moderna di Roma, Itália; entre outras. 

Obras