O artista visual Sidney Amaral (1973–2017, São Paulo, SP, Brasil) explorou, em diferentes linguagens, as relações raciais e socioeconômicas que marcam a história do Brasil. Por meio de desenhos, aquarelas e pinturas que retratam em sua maioria corpos negros, e esculturas que se valem de objetos cotidianos, o artista revela a estrutura da realidade brasileira, colocando em primeiro plano a subjetividade dos indivíduos. Integram tanto a obra gráfica quanto escultórica, fortes elementos simbólicos e metafóricos na construção dessa subjetividade.
A autorrepresentação, constante em sua produção, traz à tona a própria experiência do artista como homem negro, pai, marido e professor de escola pública. A partir dessa vivência e da observação das dinâmicas sociais, sua obra lida com as privações, angústias e desejos de um grupo historicamente marginalizado que permanece sendo alvo de preconceito e opressão. Em suas composições, Amaral enfatiza o entrelaçamento de passado e contemporaneidade ao remeter a cenas históricas retratadas por artistas europeus durante a escravidão. Com o artista se colocando no lugar do observador e do observado, dando voz ao sujeito silenciado, essa iconografia é atualizada e ironizada.
A materialidade na produção de Sidney Amaral, sobretudo em suas instalações e esculturas, mostra um artista muito consciente do cânone da arte e da predileção por certos materiais e técnicas em detrimento de outros. Ao transpor objetos cotidianos para o bronze e o mármore, ele questiona os juízos de valor e as temáticas clássicos. Da mesma forma, o destaque dado a si próprio, às pessoas negras e racializadas é uma tomada de posição diante da sistemática exclusão desses indivíduos da representação, participação e autodeterminação na sociedade brasileira.
Sua obra foi tema de mostras individuais como Sidney Amaral: um espelho na história, na Almeida & Dale, São Paulo, Brasil (2022); Viver até o fim que me cabe! — Sidney Amaral: Uma aproximação, no Sesc Belenzinho, São Paulo, Brasil (2021); e O banzo, o amor e a cozinha de casa, no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, São Paulo, Brasil (2015); além de participar de diversas exposições coletivas, como Vai, vai, Saudade, Museo Madre, Nápoles, Itália (2024); 35ª Bienal de São Paulo, Brasil (2023); Histórias brasileiras, MASP, São Paulo, Brasil (2022); e Bienal de Valência, Espanha (2007). Seu trabalho está em importantes coleções públicas, como o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Brasil; MAM São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da USP – MAC USP, Brasil; Pinacoteca de São Paulo, Brasil; entre outras.