Tarsila do Amaral é considerada uma das pioneiras da arte moderna no Brasil. Sua busca por uma expressão artística genuinamente nacional, embora influenciada pelas vanguardas europeias, foi fundamental para a consolidação do modernismo brasileiro. Em 1920, a artista partiu para Paris, onde teve contato com o cubismo, o dadaísmo e o futurismo. De volta ao Brasil, logo após a Semana de Arte Moderna de 1922, estreitou laços com o grupo modernista e iniciou um processo de assimilação da pintura moderna europeia, articulando-a com temas da cultura e do cotidiano brasileiros. Sua obra desse período se caracteriza pelo uso de cores vibrantes epela geometrização das formas. 

Em 1928, Tarsila pintou Abaporu, trabalho seminal para as ideias que deram origem ao Movimento Antropofágico. A partir desse momento, sua pintura tornou-se menos geométrica, com formas mais orgânicas e temas que dialogam com o universo fantástico e onírico, evidenciando um interesse crescente pelas lendas e narrativas populares do Brasil. No ano seguinte, realizou sua primeira exposição individual no país, no Rio de Janeiro. Em 1931, expôs em Moscou e se aproximou do projeto político do Partido Comunista, passando a produzir obras de caráter mais realista, com um uso contido da cor e forte viés de denúncia social. Na segunda metade da década de 1940, a artista revisitou as temáticas centrais de sua produção inicial, conferindo-lhes uma nova abordagem. Os temas rurais, antes carregados de exuberância, retornaram com uma simplicidade renovada, em composições mais depuradas e de atmosfera bucólica. 

Em 1950, o MAM São Paulo fez a primeira retrospectiva da obra de Tarsila do Amaral. Em 1951, foi premiada na I Bienal Internacional de São Paulo com a pintura Estrada de Ferro Central do Brasil (1924). Em 1969, realizou a retrospectiva Tarsila do Amaral: 50 anos de Pintura, no MAM Rio de Janeiro e no MAM São Paulo. Sua obra foi revisitada postumamente em diversas exposições dentro e fora do Brasil, dentre as mais recentes, somam-se: Tarsila do Amaral Inventing Modern Art in Brazil, realizada no MoMA, Nova Iorque, Estados Unidos (2018); Tarsila Popular, umas das maiores exposições retrospectivas sobre a artista, realizada no MASP, São Paulo, Brasil (2019); e Tarsila do Amaral: Peindre le Brésil moderne, Musée du Luxembourg, Paris, França, com posterior exibição no Museu Guggenheim Bilbao, Espanha (2024).  

Suas obras compõem as seguintes coleções: Museo de Arte Latino-Americana, Argentina; MoMA, Estados Unidos; Centro de Arte Reina Sofia, Espanha; Museu de Grenoble, França; Museu Hermitage, Rússia; MASP, Brasil; MAM São Paulo, Brasil; Pinacoteca de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da USP – MAC USP, Brasil; MAM Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; entre muitas outras.