Siron Franco nasceu em Goiás Velho, Goiás, em 1947. Seu trabalho alcança notoriedade a partir da década de 1970, evidenciada tanto pela forte expressividade, pela experimentação material e pela profundidade das temáticas que investiga. As espessas camadas de tinta a óleo que cobrem suas telas, assim como os materiais brutos de suas esculturas e instalações, marcam sua produção. A atmosfera onírica do universo poético que delineou em seus cinquenta anos de carreira emprega o fantástico para trazer à tona questões políticas e sociais.
O próprio artista se referiu certa vez a sua obra como uma tentativa, à sua maneira, de deixar um testemunho de sua época em forma de crônica visual. Neste sentido, talvez o relato pictórico mais dramático e notório de sua trajetória seja a notória série Césio (1987), na qual tece comentários sobre a tragédia decorrente de vazamento de material radioativo em Goiânia.
No entanto, é importante lembrar que a matéria prima deste cronista visual não consiste somente de grandes eventos transformadores, mas também das nuanças do dia-a-dia. Franco flerta com o misterioso e o indizível, expresso em suas pinturas por figuras deformadas, imprecisasefantasmáticas. Em muitos de seus trabalhos, o retrato de uma simples cena cotidiana, banal, se transforma numa expressãocarregada de simbolismos, contaminada e transformada pelos olhos do inconsciente.
Frequentemente lembrado como um artista que vê na figura humana um de seus principais recursos expressivos, muitos apontam aproximações com a estética de pintores como Francis Bacon e Iberê Camargo, especialmente em alguns de seus trabalhos da década de 1990.Tratou da figura humana de inúmeras formas em seu trabalho, mais frequentemente a apresentando de forma sombria e enigmática, como expressão do inconsciente ou de forma nua e crua, sendo o suporte da dor ou da violência. Sempre irrequieto, migrou de uma figuração mais flagrante para experimentações com texturas e arranjos cromáticos, buscando os limites – ou encontros – entre o figurativo e o abstrato. A partir da liberdade que este descolamento de sua temática habitual lhe proporciona, Siron emprega técnicas e materiais menos frequentes em sua produção, explorando o desenho, a colagem e grafismos.
Ao longo de sua carreira, participou de exposições em importantes museus nacionais e internacionais como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Arts nos Estados Unidos e Nagoya City Art Museum no Japão. Participou também da 2ª Bienal de Havana, de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP e da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado na 13ª edição.
