
Claudio Tozzi: Nova Figuração e a ascensão da Arte Pop 1967 – 1971 é uma parceria da Almeida & Dale Galeria de Arte com a galeria britânica Cecilia Brunson Projects, que hospedou a exposição que reuniu 18 obras do artista realizadas no período de ascensão e auge da ditadura civil-militar (1964-1985). Um dos maiores nomes da arte pop no Brasil, esta foi sua primeira individual em Londres.
Enquanto, nos Estados Unidos e no Reino Unido, a Arte Pop tratou, basicamente, da cultura de massas e da sociedade de consumo, na obra de Tozzi, que sempre pretendeu levar sua arte às massas, o tema central é a realidade política brasileira durante o período de maior repressão da ditadura. Em sua obra, a crueza da experiência ditatorial leva o autor a utilizar a estética pop como uma metáfora dos anos de repressão, violência e arbitrariedades do Estado, inserindo sua obra não apenas no contexto global da arte, mas também nas questões políticas mundiais do pós-1945, marcada pela Guerra Fria.
Multidão (1968), presente na mostra, é uma das obras que melhor capta a essência daqueles anos, ao narrar um protesto na qual cada personagem parece compor uma única forma humana. Com esta simples imagem, de forte carga dramática, feita com tinta industrial sobre polyester, Tozzi cria uma poente metáfora do poder do indivíduo no coletivo, questão muito presente na época, tanto no Brasil, com a Passeata dos Cem Mil, contra a ditadura, como na França, com a revolução de maio de 1968.
A exposição apresenta ainda pintura icônica de Che Guevara, feita imediatamente depois do assassinato de Guevara pela CIA, na série de sete quadros Guevara (1967), que serão apresentados num duplo na exposição.
Parafusos, cadeados e escadas, objetos da vida urbana e cotidiana, transformaram-se em símbolos da opressão política em sua obra. Em Parafuso (1971), as formas variadas dos parafusos representam a opressão e a sufocação, tão presentes na ditadura.
Para o crítico e físico Mário Schenberg (1914-1990), a obra de Tozzi, que ele conheceu nos anos 1960, quando o artista ainda era estudante da FAU, trouxe uma nova figuração à arte brasileira, então marcado pela vanguarda concretista, iniciada em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM – SP. Esta obra que reconfigurou o Brasil e enfrentou o período político mais tenebroso do Brasil do século 20, chega ao mundo.
São Paulo SP Brasil | 01425-010