Como segunda edição do programa Contra-Flecha, a exposição intitulada _Gestos de amor, práticas de sedução_ busca aproximar produções artísticas que se fundamentam em dinâmicas de atração e intimidade. Da biologia e da química atômica da libido à magia do poder de atração e às abstrações do prazer e das relações sexuais, passando pelas amizades e afetos familiares, a mostra busca discutir as diversas formas de representação do amor e do afeto na arte. Desse modo, busca trazer diferentes gerações e vozes com ideias românticas distintas, que vão da imaterialidade à fisicalidade, do sagrado ao profano, do explícito ao sugestivo, dos modos tradicionais às constantes reinvenções nas maneiras de se relacionar.

Nesse sentido, a mostra parte de três pontos referenciais que iluminam caminhos e discussões. O primeiro é a vida e obra da brasileira Maria Martins (1894–1973), que deixou um legado permeado por trabalhos que entrelaçam relações radicais de amor, entrega e fantasia, e na sua trajetória pessoal marcada por relações afetivas complexas e transgressões das barreiras de gênero. O segundo é a série _Objetos de Sedução_ de Lygia Pape (1927–2004) — composições feitas com elementos diversos que funcionam como espécie de “amarrações”, que a artista fazia para presentear pessoas próximas. Por fim, trazemos para o diálogo comentários, análises e reflexões do filósofo Renato Noguera, que aborda o amor e o afeto a partir de múltiplas cosmologias.

Nesta edição o olhar da curadoria irá se voltar para trabalhos que tenham como ponto de partida — ou assunto, forma de abordagem e processo — noções de afeto, magnetismo e intimidade. Isto é, obras que pensem a natureza das interações humanas e não humanas, que acreditem no poder da sedução — ou da repulsa — e que versem sobre a fisicalidade, bem como a fantasia e a abstração das relações. Entendendo o amor para além de sua literalidade, mas como uma energia que nos move em muitas direções.