
Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini

Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini

Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini

Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini

Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini

Tenreiro, contraponto construtivo: intuição, cor e geometria |Casa Zalszupin [ Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138], São Paulo, 2021 | Foto: Sergio Guerini
Joaquim Tenreiro é considerado um pioneiro do móvel moderno brasileiro. Seu domínio sobre a madeira é incontestável, bem como a reunião da sensibilidade, do rigor construtivo e do acabamento irrepreensível representados pelas suas facetas de artista, designer e artesão, respectivamente. São numerosos os comentadores de sua obra, particularmente a partir do design.
Nesta exposição, mobiliário, esculturas, pinturas, tapeçarias e relevos, além de croquis, realizados em diferentes períodos, habitam os espaços de viver da Casa Zalszupin, e, ao fazê-lo, lançam luz sobre outros possíveis prismas interpretativos acerca dessa produção. Destacam-se os relevos da década de 1970, cuja potência cromática e geometria oferecem ritmo à narrativa curatorial.
Por natureza, o relevo adere à arquitetura; é apêndice, ornato. São trabalhos de um Tenreiro artista visual, num período de abandono do design de mobiliário. Em madeira, ferro ou duratex, fitas e treliças – seus cheios e vazios, sombras e luzes –, apresentam-se a partir da repetição, mas operam pela diferença.
Coincidem temporalmente com a retomada das abstrações geométricas, no país e fora dele. Ex-concretistas recuperavam pesquisas geométricas, agora aliando-as a paletas cromáticas difundidas pela Pop Art, conversando com efeitos visuais da Op Art e estimulados pelas estruturas minimalistas, nem sempre cientes dessa informação. Nesse lugar estiveram Judith Lauand, Luiz Sacilotto, Lothar Charoux, Mauricio Nogueira Lima, Franz Weissmann, entre outros, trabalhando entre os anos 1970 e 1980.
Os relevos e esculturas abstratas de Tenreiro obtiveram destaque na crítica, que salientou a ordem construtiva dessa produção e seu labor histórico. Costuras analíticas associaram as formas sinuosas àquelas de igrejas barrocas, remetendo-as ainda aos entalhes em madeira dos altares de herança portuguesa.
Vinda de um fazer intelectualizado pela própria prática, a produção de Tenreiro resulta de uma relação com a história e com o ambiente artístico local que o acolhe. Como os móveis de um designer que não adere à serialização de partido industrial – a poltrona leve, a cadeira de três pés –, seus relevos guardam uma geometria intuitiva que subverte a rigidez de um sistema. Constituem, assim, um contraponto incômodo a uma concepção construtiva mecanicista. São únicos, singulares, escultóricos.
Arte, Design e Modernidade: A síntese de Joaquim Tenreiro
Ana Avelar – Curadora
São Paulo SP Brasil
Visitação sob agendamento