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ARCOmadrid 2024

Foto: Mikhail Mishin

Foto: Mikhail Mishin

Foto: Mikhail Mishin

Foto: Mikhail Mishin

06/03 – 10/03/24

Estande 7C12
Madri, Espanha
ARCOmadrid 2024
Sobre

06/03 – 10/03/24

Estande 7C12

Madri, Espanha

Para a Arco Madrid 2024, a Almeida & Dale tem a honra de apresentar a geometria sagrada de Rubem Valentim em um notável conjunto de pinturas, esculturas e relevos que demonstram a riqueza visual e poética de sua produção. Erudito e profundamente espiritualizado, Valentim conduziu sua carreira artística por uma via de introspecção. Intimamente ligada à sua vida interior, sua arte traduz plasticamente as raízes culturais negras do Brasil, em particular o rico imaginário das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, de maneira original e inventiva.

Artista autodidata, Valentim se interessou por pintura desde jovem e ganhou destaque no final da década de 1940, período em que participou de um movimento de renovação artística na Bahia. Como muitos de sua geração, Valentim acolheu a forte onda da abstração geométrica que se instalou na arte brasileira na década de 1950, mas conduziu sua obra para um caminho oposto à matriz europeia, orientada pelo rigor racionalista. Imerso no ambiente cultural de Salvador – cidade com a maior população negra fora do continente africano – Valentim trabalhou com a iconografia do candomblé, os instrumentos de culto e a simbologia dos orixás, que transformou em uma linguagem visual revisitada ao longo de toda a sua carreira.

As obras reunidas aqui revelam a presença constante de um repertório de formas ao qual o artista recorria frequentemente para construir emblemas que funcionam como equações. Elas conjugam formas geométricas básicas – triângulos, retângulos, círculos, trapézios – e figuras criadas a partir de uma sóbriatransformação de imagens e signos do candomblé, como o oxê, machado duplo de Xangô – que se tornou uma espécie de logotipo em sua obra; o tridente de Exu; o cajado de Oxalá, chamado opaxorô, e outros elementos da tradição iorubá. Ultrapassando o mero uso formalista de imagens religiosas, Valentim mantém a ligação destes emblemas com as suas origens, reforçando o vínculo com os significados que manifestam, como a proteção, a sexualidade, o nascimento, a morte, o renascimento, o ciclo da vida e da natureza. A simbologia dos planos vertical e horizontal, ligados, respectivamente, ao divino e ao humano, assim como o uso das cores relacionadas aos orixás, também são elementos centrais de sua obra.

Os relevos e esculturas aqui reunidos são exemplares da constante renovação da obra de Valentim que acompanhou seus deslocamentos geográficos e a ampliação de seu repertório visual. As esculturas de composições totêmicas, estruturas em madeira que poderiam ser exibidas individualmente ou em conjunto, representam uma fase de Valentim em que ele explora a ideia de monumentalidade. Algumas dessas peças foram criadas enquanto o artista vivia em Brasília, e respondiam ao estímulo espacial exercido pelo desenho urbano da nova capital sobre a criação de Valentim. As obras passam a ocupar o espaço de outra maneira e, com sua presença carregada de sacralidade, funcionam como altares. A criação de um espaço de vibração espiritual é um ato que fundamenta também as obras da série Emblemágicos, que surgiram a partir do fascínio de Valentim pelos pontos riscados da umbanda, religião que conheceu quando viveu no Rio de Janeiro.

Interessado na criação de uma linguagem fundamentalmente brasileira, não nacionalista, mas que sintetizasse toda as nuances dessa identidade, Valentim manteve um olhar aberto ao universal e fez de sua obra uma investigação constante do mundo e de seu lugar nele. Buscou estudar as práticas sagradas e a cultura da América Indígena e de diversas civilizações não-ocidentais. Reunidas nessa seleção de obras, as construções de Valentim renovam a velha união da arte com o intangível e o sagrado em todas as suas formas.