
Foto: Mikhail

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Almeida & Dale apresenta um século de trabalhos de artistas brasileiros, unidos por um espírito imaginativo comum e por um profundo senso de mistério e estranheza, qualidades que ilustram o envolvimento desses artistas com o Surrealismo e outras vanguardas. Os destaques incluem obras de Ismael Nery, como desenhos feitos entre o final da década de 1920 e o início da década de 1930, imbuídos de ambiguidade sexual, além de uma pintura emblemática de sua prática tardia, em que ele capturava a expressão visceral de corpos humanos em tormento, refletindo seus próprios anos finais passados em um hospital. Maria Martins, declarando-se uma escultora “dos trópicos”, frequentemente recorria ao folclore amazônico e à flora e fauna da região. A partir dessas fontes, Martins realizou explorações simbólicas do desejo físico e erótico como uma força indisciplinada, porém produtiva, com a qual ela desafiou radicalmente os códigos morais de sua época.
As composições contemporâneas de Alex Červený evocam paisagens renascentistas nas quais as figuras humanas se retorcem e se transmutam, formando narrativas visuais complexas que reimaginam o corpo de maneiras inesperadas. Suas composições dispõem símbolos e referências em justaposições surrealistas, criando um caleidoscópio de encontros imprevistos. Tunga, uma figura-chave na arte contemporânea brasileira, é representado por desenhos e esculturas profundamente simbólicos, consistentes com sua exploração sexualmente carregada de transformações corporais e conceituais.
Os desenhos de Tarsila do Amaral, feitos durante sua importante fase Antropofágica, apresentaminterpretações mágicas e oníricas de paisagens brasileiras, caracterizadas por formas infladas. Outras explorações do mundo natural são trazidas pelas paisagens alegóricas de Hélio Melo e Ivan Campos, cada uma articulando um diálogo urgente com a floresta amazônica. As cenas melancólicas de Melo transmitem uma tensão subjacente, um alerta para a fragilidade ambiental e política, enquanto Campos retrata ecossistemas exuberantes repletos de vida, reimaginando a Amazônia como um ecossistema simultaneamente próspero e ameaçado.