A diretora-geral da galeria, Hena Lee, foi entrevistada por David Plaisant para a matéria Making a scene São Paulo: Paulistano artists, galleries and art fairs have emerged from the ruinous Bolsonaro years with anew urgency to make their mark, publicada na revista Monocle.

Leia as respostas abaixo:

“Sempre houve uma relação de cima para baixo entre galerias e artistas”, diz Hena Lee, diretora-geral da galeria Millan, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. “Não apenas no Brasil, mas em todo lugar.” Tendo trabalhado para a Delfina Foundation e estudado no Royal College of Art, em Londres, Lee conhece bastante sobre o cenário internacional, mas seu foco agora é o talento brasileiro. “Os artistas indígenas estão entre as vozes mais proeminentes da arte contemporânea, desafiando as estruturas dominantes no Brasil”, diz ela, ao lado de uma obra do falecido pintor e ativista Jaider Esbell.
O relacionamento de Esbell com a galeria Millan não era convencional.”Ele dizia: ‘Vocês não me representam —eu represento a mim mesmo'”, diz Lee. Com galerias, museus e colecionadores buscando, cada vez mais, diferentes perspectivas, a abordagem da galeria Millan proporciona um modelo novo e mais justo. “Esbell negociou que seu trabalho não viria sozinho”, diz Lee. “Se quiséssemos trabalhar com ele, também teríamos que trabalhar com outros artistas indígenas que ele selecionou.” O artista Maxwell Alexandre, criado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, também faz parte da seleção da Millan. As imagens de personagens negros de Alexandre são pintadas em papel marrom barato, chamado papel pardo. Lee explica que o termo “pardo” está relacionado ao colorismo, usado para se referir a uma pessoa mestiça. “Por meio desse material e dessas figuras poderosas, ele está fazendo uma declaração.”
 
O apoio da galeria Millan aos artistas está ajudando a criar algumas das obras de arte contemporânea mais interessantes do país. Embora a promoção da cultura brasileira continue sendo fundamental, “o posicionamento global de nossa arte e de nossa história” também é vital, diz Lee. Em 2023, o trabalho de Alexandre foi exibido no The Shed em Nova York, enquanto a Fondation Cartier na Trienal de Milão exibiu obras de Esbell e de outro artista da Millan, Alex Cerveny. “É preciso promover os artistas e seus trabalhos para outros colecionadores no exterior”, diz Lee. “[Os artistas] não podem ficar todos no mercado interno.”
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Diretora-geral da galeria, Hena Lee, é entrevistada pela Monocle
29/02 – 29/02/24
Monocle
Londres, Reino Unido
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