Ao longo de sua carreira, Niobe Xandó flertou com diversos materiais, técnicas e temas em sua pintura. Mas de certa forma, seu trabalho sempre mostrou um constante diálogo com as ideias surrealistas. O universo mágico do onírico ou a busca pela fluência do inconsciente na tela marcam as diversas facetas de sua produção.
Sua produção inicial - rica em cores e movimentos - traz influências de Munch e Gauguin, mas é especialmente o surrealismo poético de Marc Chagall que deixa marcas em seu trabalho. Entre as décadas de 1950 e 1960, passa de uma figuração delicada e silenciosa à figuras abstratas carregadas de grafismos e gestualidade. Nessa época, participa de duas edições da Bienal Internacional de São Paulo, em 1965 e 1969.
Nesta última, sua obra foi apresentada na sala especial “Arte Mágica, Fantástica e Surrealista”. É também nesse período que desenvolve a série dos Totens, na qual recobre madeira com as linhas e cores inspiradas em máscaras de rituais arcaicos. Na década de 1970, Xandó produziu obras nas quais incorporava influências do Letrismo, movimento que pretendia criar uma nova escrita com base em símbolos.