A produção de Raymundo Colares se destaca no cenário artístico do Brasil da década de 1970; um contexto de renovação da pintura. Sua obra estabelece um diálogo entre o legado estético da arte concreta e elementos da cultura de massas, como a publicidade, fotografia e cinema.
Colares mostra uma preocupação em produzir uma arte fundada no modernismo assim como no concretismo, e ao mesmo tempo em diálogo com a cultura pop de seu tempo. O próprio artista identifica aí uma conexão com o futurismo italiano pela vontade de representar o dinamismo e a velocidade da vida moderna. Suas composições são estruturadas pelas intersecções e sobreposição de ritmos visuais, remetendo ao movimento de veículos em velocidade em uma grande cidade. Usa tintas metálicas para pintar cores e números, imagens que sintetizam a estética das carrocerias de ônibus, como produtos da sociedade industrial.
Seus "gibis", produzidos a partir de 1968 são Livros-objetos sem texto, que devem ser manipulados pelo espectador. São obras processuais em que as imagens se formam à medida que as páginas são movimentadas.