Cildo Meireles é um dos artistas originais mais relevantes do Brasil contemporâneo. Permeado por ações e proposições políticas e filosóficas, sua abordagem frente à arte conceitual é uma das influências mais marcantes no âmbito da produção artística brasileira das últimas décadas.
Ao longo de sua carreira, Cildo Meireles afirma a necessidade e até mesmo a vocação da arte de sair das instituições e dos espaços reservados a ela para ocupar e se misturar com a vida. A série Inserções em Circuitos Ideológicos (1970) é uma das empreitadas mais bem sucedidas neste sentido: durante o período da ditadura militar, o artista imprimiu frases subversivas em cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola e reinseriu esses objetos em seus circuitos cotidianos.
Em suas obras, Cildo frequentemente se apropria de objetos do cotidiano, como rodos, fitas métricas, mesas, móveis, agulhas e ferramentas para transformar e alterar suas estruturas de modo que cria situações nas quais questiona a funcionalidade e os valores de uso e de troca dos objetos, propondo novas perspectivas e sentidos para nossa relação com a realidade. Cildo diz que o papel da arte é ser o antídoto para a anestesia que interpõe o sujeito e a experiência da vida.
Suas instalações trazem claras denúncias políticas, como em Desvio para o Vermelho, apresentada pela primeira vez no Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1967. A crítica política com objetos do cotidiano é recorrente em sua produção entre 1970 e 1975, como: Árvore do Dinheiro (1969), Introdução a uma Nova Crítica (1970) e O Sermão da Montanha: Fiat Lux (1973).
Cildo Meireles foi o segundo artista brasileiro a ter uma exposição retrospectiva no museu Tate Modern, em Londres, em 2008. No ano anterior, uma exposição dedicada a Hélio Oiticica havia sido apresentada.