Ivan Campos é filho do radialista Cícero Moreira e de Gercina Braga Campos, bordadeira e funcionária pública. Quando criança, passou um longo período internado para tratamento de tétano durante o qual ganhava diariamente de sua mãe desenhos feitos em sobras de papel de pequenas dimensões. Campos guardou todos eles e, logo ao receber alta, começou a desenhar figuras vegetais e humanas que serviam de modelo para os bordados feitos por Gercina. Durante a infância, ele também se ocupava de colecionar histórias em quadrinhos cujas imagens eram usadas de referência para seus decalques.
Foi com esses materiais à mão – sobras de papel e histórias em quadrinhos de baixo custo – que Ivan Campos aprendeu a desenhar de maneira autodidata. Seu trabalho em pintura veio depois, quando jovem, caracterizado pela formalização minuciosa e indicativa dos anos de aprendizagem com o desenho. Desde o começo de sua produção até sua fase mais recente, o motivo da pintura é encontrado pelo artista no ambiente em que está inserido: a floresta amazônica, com seus rios e igarapés, aspectos místicos de sua vivência com a ayahuasca e cenas de interiores sendo alguns dos mais frequentes. Em suas telas, Campos não visa uma representação naturalista da floresta, antes reitera a indissociável ligação da percepção com a memória e a imaginação.
Em profundidade rasa, o espaço pictórico é densamente preenchido por figuras de animais, espécies vegetais diversas, grafismos e formas que tendem à abstração. Apenas alguns desses seres são encontrados na mata acreana, os demais são transportados de outras florestas, reais ou imaginárias, para habitar essa natureza imaginada. A pintura de Campos apresenta uma visão fantástica da mata fechada, caracterizada pela alta interação interespécies, em que a noção de ecossistema da floresta transborda para a pintura. Deste modo, formas e cores se moldam mutuamente. Nas suas obras, a experiência acontece no seio da natureza através da sobreposição de várias dimensões: biológica, maravilhosa, mística, ancestral; bem como dos elementos formais, cromáticos e visuais que são medida da experiência que Campos junto ao natural. Nas palavras do artista, “posso dizer que combino cor e forma, muitas vezes a cor esconde a forma e a forma esconde a cor. É por isso que o espetador precisa de se aproximar e de se afastar”.
Sua primeira exposição individual aconteceu em 2000, na Galeria de Artes do Sesc, em Rio Branco. Em 2005, foi laureado com medalha de ouro no 1º Salão Hélio Melo de Artes Plásticas, evento realizado pela Associação de Artistas Plásticos do Acre (AAPA), com a obra Alicerces da Terra. Em 2005, duas de suas obras foram selecionadas para o Projéteis de Arte Contemporânea, da Rede Nacional de Artes Visuais - Redemergências: uma das abordagens possíveis de um novo olhar sobre a produção artística atual, organizado pela Funarte/RJ. Em 2012, participou do projeto Trajetórias – Artes Visuais, com exposição de suas obras na Galeria Chico Silva, na Usina de Arte João Donato. Em 2018, recebeu a insígnia no Grau Cavaleiro do Quadro Ordinário da Ordem da Estrela do Acre, honraria concedida a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do Estado ou protagonizaram atuações decisivas em prol da população. Em 2024, Ivan Campos foi selecionado para o 38º Panorama da Arte Brasileira, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo.