Nascido em Campinas, interior de São Paulo, em 1902, Giuseppe Gianinni Pancetti muda-se com a família para São Paulo aos oito anos de idade. No ano seguinte, viaja à Itália, onde termina seus estudos e entra para a Marinha Mercante Italiana, aos 16 anos. Pouco depois de retornar ao Brasil, em 1921, ingressa na Marinha Brasileira. Seu ofício teve grande impacto em sua poética pictórica, sendo as marinhas as paisagens mais recorrentes em sua produção. Nesse sentido, o artista preferia pintar ao ar livre, por isso suas telas são, na sua maioria, de dimensões modestas. Nas palavras de Frederico Morais: “A pintura de Pancetti é como um convés de navio, curtida de sol e sal. Não enferruja. Honesta, limpa, econômica, direta, austera, quase seca, mesmo quando a cor se expande e o gesto abriga a emoção. Não há nele nem o supérfluo, nem o desperdício”.
Pancetti começa a pintar, de forma autodidática, em 1925, e, ao ser transferido para o Rio de Janeiro, em 1933, passa a estudar junto ao Núcleo Bernardelli, um ateliê livre. Lá conhece Milton Dacosta, Bustamante Sá e Bruno Lechowski, que tiveram influência em seu pensamento composicional. Em 1934, viaja a bordo do navio-escola Almirante Saldanha à Inglaterra, Portugal, Espanha, França, onde visita diversos museus. Na década de 1930, o artista participa de salões e exposições, entrando no circuito artístico da época. Sua primeira exposição individual acontece no Instituto dos Arquitetos de São Paulo. Em 1945, integra a mostra Arte del Brasil Moderno, que itinera por Buenos Aires, La Plata e Montevidéu.
No ano em que deixa a Marina, em 1946, ganha duas exposições individuais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre 1944 e 1945, Pancetti participa da mostra Exhibition of Modern Brazilian Paintings, que circula por instituições do Reino Unido, entre elas a Royal Academy of Arts, em Londres. Ainda no circuito internacional, deve-se destacar sua inclusão na primeira delegação brasileira na Bienal de Veneza, em 1950, e sua participação em duas edições da Bienal de São Paulo (1951 e 1955). Em 1955, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro lhe dedica uma exposição individual. Sua produção se encerra com seu falecimento, em 1958.
A obra de Pancetti integra importantes coleções institucionais, entre as quais do Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP, São Paulo; Museu da Chácara do Céu – Museus Castro Maya/Ibram, Santa Teresa; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, Rio de Janeiro; Instituto Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro; e The Museum of Modern Art – MoMA, Nova York.