Desenhista, gravador e pintor, nascido no Mato Grosso, com mais de 40 anos de trajetória artística, Victor Arruda se destacou pela criação do grupo Tato e Contato, responsável pela instalação do primeiro ateliê de Arte Livre destinado a crianças, na Funabem.
Com uma extensa produção em quase 50 anos de carreira, a obra de Arruda condensa múltiplas referências e influências que remetem a diferentes momentos e tendências ao longo da História da Arte, condensados e amalgamados sempre de forma eficaz, na construção de um estilo único e inconfundível.
Em sua pintura, muitas vezes lançando mão de uma poética crua e contundente, elabora uma crítica feroz contra a hipocrisia, o abuso de poder e a presença velada, na sociedade, de preconceitos em relação às questões de gênero.
Arruda conta que um momento crítico em sua carreira ocorreu na década de 1970, quando, com pouco mais de 20 anos, decidiu enfrentar preconceitos contra a homossexualidade enraizados na sociedade brasileira. Questionando as atitudes conservadoras e machistas, decidiu que sua pintura seria uma reação contra essas posturas.
Em 1989, pintou o painel do foyer do teatro do Memorial da América Latina, a convite de Oscar Niemeyer. Entre suas mostras mais recentes, destacam-se: 1993, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; 2000, Galeria Anna Maria Niemeyer e Paço Imperial, Rio de Janeiro.
Participou de diversas mostras de arte brasileira no exterior, como a Bienal Internacional de Cuenca (Equador, 1989), a Bienal Internacional de Arte de Valparaíso (Chile, 1994) e a Arco, Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri (Espanha, 2000).
"Temporal", uma retrospectiva impactante de sua obra com curadoria de Adolfo Montejo Navas, exibida no Paço Imperial do Rio de Janeiro em 2022, revela uma poética forte e consistente que não é rígida e resiste ao teste do tempo. Em suas pinturas, desenhos e até experimentações com outras modalidades, como a performances, as falácias da falsa moral de seu tempo são desmascaradas, tornando-se o relato de uma época, mas apontando também para uma permanência silenciosa dos preconceitos.