Amadeo Luciano Lorenzato foi um pintor e escultor brasileiro, conhecido por um conjunto fascinante de obras que percorreram temas como a natureza, a paisagem urbana, naturezas mortas, retratos e cenas do cotidiano. A produção de Lorenzato foi vasta, estima-se que tenha produzido mais de três mil obras até o fim de sua vida, em 1995. Entre as questões importantes para seu trabalho pode-se mencionar a influência das artes decorativas, das vanguardas modernas, em que se destaca o sentido construtivo de suas criações ou, em outras palavras, sua singular “modernidade em construção”, e a relevância do ato de caminhar para sua pintura.
As primeiras obras conhecidas de Lorenzato datam da década de 1940, período em que o artista retornou ao Brasil após ter vivido cerca de trinta anos em diferentes cidades europeias. Brasileiro, de uma família italiana de origem operária, Lorenzato ficou conhecido como pintor autodidata, apesar de ter estudado arte na Reale Accademia delle Arti, em Vicenza, Itália. Em 1928, iniciou uma longa viagem de bicicleta, acompanhado do pintor e cartazista Cornelius Keesman. Juntos eles passaram por diversas cidades do leste europeu, experiência que marcou Lorenzato profundamente e que, segundo o curador Rodrigo Moura, lhe rendeu a aura mítica de um artista “outsider, não conformista e libertário”. Em Paris, trabalhou como operário na montagem da Exposition Coloniale Internationale, ao mesmo tempo em que conheceu os movimentos vanguardistas, e foi impactado pela pintura impressionista.
O trabalho de Lorenzato tem conquistado novos públicos. Exposições recentes sobre sua arte moderna e popular abriram espaço para uma compreensão renovada de sua trajetória, permitindo observar a produção do artista para além de categorias estritas como “arte naïf” e “arte primitiva”. A pintura de Lorenzato tem uma forte conexão com sua origem na classe trabalhadora e com os ofícios que desenvolveu durante a juventude. O artista atuou por décadas na construção civil, foi pintor de paredes e pintor decorativo. É atribuída à sua prática como pintor-decorador a criação de ao menos duas técnicas inovadoras que caracterizam sua produção pictórica: o uso de texturas, produzidas com o auxílio de instrumentos adaptados do trabalho na construção civil - entre eles o pente - que conferem movimento e vibração às suas composições; e o uso sobre a tela de tintas minerais, que aplicava após uma camada de alvaide, substância geralmente utilizada em pinturas de exteriores, que tornam as cores mais vivas e luminosas.
Entre as principais exposições da carreira de Amadeo Lorenzato estão a sua participação na 3ª Trienal de Bratislava e em mostra do Petit Palais de Paris, ambas em 1973, e a individual na Casa dos Contos de Belo Horizonte, em 1984. Entre as exposições póstumas destacam-se: Lorenzato e as cores do cotidiano, Museu de Arte da Pampulha (1995); 100 anos de Lorenzato, Casa dos Contos e Galeria da Escola Guignard (2001) e a coletiva Mínimo Múltiplo Comum, na Pinacoteca de São Paulo (2018). Recentemente, em 2019, exposições sobre o artista foram organizadas por galerias internacionais sediadas em Londres e Nova York. Obras de Lorenzato integram coleções públicas relevantes como as do Museu de Arte da Pampulha; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP; Pinacoteca do Estado de São Paulo e Nouveau Musée National de Monaco.