Amilcar de Castro, nascido em Paraisópolis, Minas Gerais, em 1920, e falecido em Belo Horizonte, em 2002, é um escultor, designer gráfico e artista plástico cujo legado é parte integral da arte brasileira contemporânea. Ele se formou em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1945, mas seu destino estava atrelado à arte, à medida que se aprofundava em estudos de desenho e escultura na Escola Guignard sob mentores renomados como Alberto da Veiga Guignard e Franz Weissmann.
Sua transição da arte figurativa para a abstração reflete uma contínua exploração das formas e da materialidade. Seus trabalhos mais conhecidos, especialmente a partir dos anos 1950, caracterizam-se pelo uso inovador de chapas de metal que, por cortes e dobras, adquirem uma nova dimensão de interação com o espaço ao redor. Esta abordagem foi influenciada pelo Projeto Construtivo Brasileiro e pelo concretismo, embora Amilcar não tenha sido membro dos grupos Ruptura e Frente.
Seu trabalho como diagramador também é notável, com a reforma gráfica do Jornal do Brasil na década de 1950 marcando um ponto de inflexão no design gráfico brasileiro. Amilcar de Castro participou de importantes movimentos e exposições, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta e a Mostra Internacional de Arte Concreta em Zurique. Recebeu o prestigiado Prêmio Guggenheim e deixou sua marca em numerosas instituições e coleções em todo o mundo.
O artista também teve uma carreira acadêmica distinta, contribuindo para o desenvolvimento da próxima geração de artistas como professor na Escola Guignard e na UFMG. Em sua produção escultórica, Castro resistiu ao excesso de racionalismo, injetando uma qualidade maleável e mais humana na geometria com a qual trabalhava.
A estética de Amilcar de Castro revela uma busca constante pela essência das formas e pela interação orgânica entre o material e o espaço. Seu processo criativo parte do princípio da economia de meios, privilegiando a simplicidade estrutural e a clareza na composição. As esculturas de Castro exploram a tensão entre o peso e a leveza, o cheio e o vazio, o permanente e o efêmero. A ausência de soldas em suas obras enfatiza a integridade do material e a habilidade do artista em extrair a dinâmica espacial a partir de uma única peça de metal.
Trabalhou com a resistência e a maleabilidade do ferro, criando obras que, apesar da aparente simplicidade, revelam uma complexa interação com a luz, a sombra e o ambiente. Sua paleta material se estende para incluir o aço inoxidável e o cobre, explorando suas propriedades reflexivas e texturais. Os cortes e dobras em suas esculturas não são apenas métodos de construção, mas também gestos artísticos que conferem ritmo e movimento às peças estáticas.
Em seus desenhos, observa-se uma extensão de sua escultura para o plano bidimensional, onde a linha assume a função escultórica de dividir e definir o espaço. Eles são caracterizados por uma precisão que espelha a sua abordagem escultural, com linhas que podem ser vistas como cortes no papel, definindo formas e volumes com uma economia de traços. Em todas as suas expressões artísticas, Castro manteve um diálogo consistente com as noções construtivistas, enquanto também explorava novas direções, demonstrando uma compreensão profunda da forma e sua relação com o ambiente físico e perceptivo.
Amilcar de Castro mantém um lugar de destaque na história da arte brasileira, não apenas por seu trabalho escultural, mas também por seu impacto na arte gráfica e no ensino artístico. Seus estudos e esculturas enfatizam uma relação fundamental com o material, o espaço e a expressão. Até hoje, sua abordagem é considerada um ponto de referência para o entendimento e apreciação da arte construtiva e abstrata no Brasil.