Examining Myself and Others: Victor Arruda e Carroll Dunham

"Victor Arruda e Carroll Dunham se formaram em décadas de 1970 muito distintas. Arruda criticou a burguesia nas décadas de 1970 e 1980 no Rio de Janeiro, enquanto o país estava sob uma ditadura militar. Dunham estava imerso no mundo da arte conceitual de Nova York, tentando encontrar uma linguagem pessoal e processual. Ambos se libertaram por meio da observação da arte e, às vezes, de materiais ostensivamente ilícitos. De acordo com Arruda, sua obra e a de Dunham referenciam a de Robert Crumb. Figura de libertação artística para muitos, incluindo os dois artistas, os quadrinhos de Crumb dão permissão para o impulso criativo assumir qualquer forma e desafiar limites estéticos ou morais. Além disso, ambos compartilham um interesse voraz pela história da arte, buscando inspiração em uma coleção heterogênea de fontes, desde a pintura maneirista até o surrealismo e as pichações de banheiro.

Arruda e Dunham criam com suas pinturas – de certa forma inocentemente – encontros entre humanos, muitas vezes nus, sugerindo a representando as coisas que todos nós fazemos – olhar, fazer sexo, imaginar, dançar, brigar – e que funcionam como blocos de construção para os seus trabalhos. Como cada composição é um jogo rigidamente controlado de partes de corpos e algumas cores, a ação interpessoal está sempre em foco. Os corpos se contorcem, o gênero se torna misterioso ou pronunciado e, na confusão de carne e frestas entre as figuras, uma vida insólita surge.

Arruda constrói essa vida pintada com imagens vernaculares desenhadas com uma linha elástica e blocos de cor exuberantes. Suas pinturas são planejadas a partir de desenhos, construídas para máxima comunicação gráfica sobre amor e desejo, desequilíbrios de poder entre ricos e pobres urbanos, e os mapas mentais e emocionais que dominam a vida brasileira. Essas vinhetas flutuam nas ricas tonalidades de Arruda, como se atravessassem uma tela de cinema criada por ele. Dunham dá vida às suas telas improvisando dentro de parâmetros composicionais rigorosos, criando atmosfera nos céus e terrenos, preenchendo-os e a seus corpos com seu toque. Suas cenas primordiais de figuras masculinas cilíndricas lutando por esporte ou em combate, posadas e prostradas, e figuras masculinas e femininas congeladas em pelo ato sexual são a essência de nossos começos compartilhados. Elas apresentam uma gramática da atividade humana básica.

Arruda e Dunham são dois artistas de perspectivas e processos bastante diferentes que desnudam as amenidades da existência cotidiana para revelar algo básico sobre a maneira como nos relacionamos uns com os outros e com nossos ambientes. Ao fazer isso, eles oferecem um lugar para a conexão com os fundamentos dos corpos e das psiques."

Dan Nadel, curador da exposição
Examining Myself and Others: Victor Arruda e Carroll Dunham

Dan Nadel é curador geral do Lucas Museum of Narrative Art, em Los Angeles. Ele escreveu uma biografia de Robert Crumb que será lançada pela editora Scribner (e pela Editora Todavia, no Brasil) em abril de 2025.

Serviço

Examining Myself and Others: Victor Arruda e Carroll Dunham
Curadoria de Dan Nadel
De 15 de julho a 21 de setembro de 2024
Classificação indicativa: 18 anos

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