José Antonio da Silva – A vida não basta
Curadoria: Denise Mattar
11.02 — 26.03.2017
A exposição José Antonio da Silva – A vida não basta, com curadoria de Denise Mattar, reuniu mais de 50 obras que compreendem quatro décadas de produção artística, desde o final dos anos 1940 até meados dos anos 1980, trazendo um recorte que mostra a evolução e a diversidade da obra desse artista que produziu, ao longo de sua vida, mais de 5 mil obras, o que faz dele um dos artistas mais produtivos da história brasileira.
Nascido no interior de São Paulo e de origem pobre, Silva começa a desenhar, ainda menino, sobre matérias-primas do campo, como folhas, pedaços de sacas de café e areia.
Sua descoberta como artista acontece em 1946, quando participa do concurso promovido pela Casa de Cultura de São José do Rio Preto, cidade onde vive, e desperta o interesse dos críticos de arte Lourival Gomes Machado e Paulo Mendes de Almeida, que veem na sua obra a genuína expressão da cultura rural brasileira. Expõe, em 1948, em sua primeira individual, na então recém-inaugurada Galeria Domus, e participa da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo, em 1951.
A mostra apresentou diferentes momentos e tendências exploradas ao longo da produção do artista. O caráter soturno das paisagens rurais de obras como Caçador e Casebre e Paisagem rural e trabalhadores com enxadas, ambas de 1948, e domésticas – O médico da roça (1948) e Flagrante de adultério (1950) – que, à sua maneira, revelam a dureza de um pai de seis filhos lutando pela sobrevivência, vão se diluindo, ao longo das décadas seguintes, em novas técnicas e uma paleta de cores mais alegre e diversa. Campos plantados com bananeiras (1956) e a série Algodoais, dos anos 1970, ilustram a nova paleta do artista e sua evolução técnica, após entrar em contato com obras de artistas como Van Gogh e Picasso. Nos algodoais pode-se ver o auge de sua evolução técnica, a partir da pintura em pontilhismos.
Nos anos 1950 e 1960, já influenciado pelos artistas que passa a ter contato, o artista cria obras de cunho religioso, que revelam forte caráter dramático, e as séries das águas, que se estendem até os anos 1980 e mostram um forte caráter poético. Duas obras revelam claramente essa identidade: Casa com bois na chuva (1953) e Igreja na chuva (1982).
Nos anos 1970, já vivendo sua explosão cromática, o artista cria uma série de obras que retratam o Rio de Janeiro, como Corcovado (1976), Guanabara Rio (1979) e Ponte Rio-Niterói (1992).