“Retratos decoloniais” de Dalton Paula apresentam o Brasil aos brasileiros e estrangeiros

Dalton Paula vem realizando uma pesquisa extensa sobre negros e negras que insurgiram contra a escravidão no Brasil, mas que foram sistematicamente excluídos ou relegados a notas de rodapé da história. A partir dela, o artista cria retratos em seu estilo inconfundível, evocando tecituras políticas e subjetivas desses indivíduos e, sobretudo, restituindo uma parte importante da história brasileira.  

Para a exposição “Direito à memória: arte afro-brasileira, indígena e outros modernismos”, em cartaz na Casa Zalszupin, a curadora e historiadora Lilia Moritz Schwarcz selecionou os retratos de Diogo Rebolo, Francisco Antônio da Costa, Luiz Gonzaga das Virgens e Luzia Pinta, que viveram nos séculos 18 e 19. Seus olhares se encontram com o do espectador e as cores de fundo dos quadros, em tons de azul e verde, remetem ao céu e ao mar, à diáspora africana, à liberdade conquistada. 

O projeto de rememoração de Dalton Paula está também presente na Biennale Arte 2024, em Veneza, com pinturas em grande formato nas quais os personagens históricos aparecem de corpo inteiro, seguindo a mesma paleta de cores e linguagem pictórica dos retratos na Casa Zalszupin. 

Em 2022, Lilia foi uma das curadoras da individual de Dalton Paula no MASP. Sobre a obra do artista, ela escreveu em seu catálogo: “Proponho, assim, uma leitura dos retratos de Paula a partir da relação formal que estabelecem com o contexto histórico, sublinhando a dimensão política de suas pinturas. Seus retratos póstumos escancaram também privilégios expressos no mundo das artes. São, pois, uma galeria de retratos decoloniais onde a ausência é antes uma potente presença” (“Dalton Paula”. São Paulo: MASP, 2022, p.14). 

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“Direito à memória – arte afro-brasileira, indígena e outros modernismos”
Visitação até 22 de junho de 2024
Casa Zalszupin
R. Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138
Jardim America - São Paulo/SP
Necessário agendamento através do link.