Agnaldo Manuel dos Santos | Almeida & Dale

Agnaldo Manuel dos Santos

Ilha de Itaparica - Bahia, 1926 Salvador - Bahia, 1962

Nascido na Ilha de Itaparica, na Bahia, em 1926, Agnaldo Manuel dos Santos foi um escultor conhecido por sua habilidade no trabalho com a madeira e por ter se revelado um grande estudioso da cultura popular brasileira e das produções artísticas de matriz africana. Suas obras traduzem esses interesses de modo original, sintético e profundamente moderno.

O contato de Agnaldo com a arte moderna começa em 1947, quando conhece o artista Mário Cravo Júnior. Buscando por melhores oportunidades em Salvador, a princípio é contratado como vigia e caseiro de seu ateliê, mas logo passa a trabalhar como assistente do artista, que nota sua aptidão no trabalho com diversos materiais, especialmente com a madeira. Imerso no ateliê de Cravo Júnior - um dos pontos de encontro mais relevantes para o meio artístico e intelectual baiano - Agnaldo começa a produzir peças autorais.

Apenas três anos após a produção de suas primeiras esculturas, participa do VI Salão Baiano de Belas Artes (1956) e recebe seu primeiro prêmio. Também em 1956, realizou sua primeira exposição individual em uma galeria relevante do Rio de Janeiro, a Petite Galerie. Esse evento abre portas para o interesse por seu trabalho por parte de críticos de arte e colecionadores, e a partir de então expõe continuamente em galerias de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1957, participou da IV Bienal de São Paulo, e foi laureado com o prêmio de escultura pela obra Pilando Dendê. Destaca-se também a sua individual “Agnaldo: esculturas” (1961), no MAM da Bahia, organizada por Lina Bo Bardi, e sua participação em exposições nos EUA e na Nigéria, em 1962. Postumamente, em 1966, participa do Primeiro Festival Mundial de Artes Negras, em Dakar, no qual representa o Brasil ao lado de Heitor dos Prazeres e Rubem Valentim, e onde recebe o prêmio de escultura, com a obra Cabeça de animal. Recentemente, integrou a coletiva “Black Orpheus: Jacob Lawrence and the Mbari Club", no Chrysler Museum of Art (2022) e New Orleans Museum of Art (2023).

Agnaldo faleceu precocemente, no auge de sua carreira, em 1962. Por muito tempo, a produção do escultor não foi abordada em sua devida complexidade. O caráter moderno de seus trabalhos lhe foi negado, visto que a narrativa crítica predominante ressaltava uma relação atávica e ancestral, quase mística, com a África, ignorando que a produção do continente tenha sido estudada e ressignificada por ele. Nesse sentido, uma compreensão mais consistente- que foi exceção nas décadas de 1950 e 1960 - começa a ser delineada com sua participação póstuma na coletiva “A Mão Afro-brasileira”, no MAM SP, com curadoria de Emanoel Araujo, e na individual retrospectiva “Agnaldo Manuel dos Santos: inconsciente revelado”, organizada pelo mesmo curador na Pinacoteca de São Paulo, e mais recentemente na mostra “Histórias afro-atlânticas”, no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, que aportam novos olhares sobre os artistas da diáspora negra. Tal como iluminam pesquisas recentes da estudiosa Juliana Bevilacqua, Agnaldo estava plenamente inserido no meio artístico de Salvador: “Visitou exposições, estudou escultura tradicional africana e escultura moderna. Conviveu, trocou e dialogou com outros artistas”.

Além disso foi um estudioso das imagens do catolicismo e realizou viagens de coleta de ícones católicos e de imagens de ex -votos em igrejas abandonadas do interior da Bahia, junto com Cravo Junior, Carybé, Pierre Verger, entre outros intelectuais e estudiosos da cultura popular. Outra faceta da produção escultórica de Agnaldo são suas produções baseadas nas carrancas, produzidas ao partir do contato e amizade com o mestre Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, com quem aprendeu sobre o universo das figuras de proa das embarcações, características da região do Rio São Francisco.

O contato com a iconografia dos ex -votos possui um papel fundamental na escolha de Agnaldo por seguir carreira artística, e é uma referência constante e coesa ao longo de sua produção. No entanto, a apropriação que faz das imagens religiosas tem características singulares. Sem limitar-se a nenhum tipo de dogma religioso, e com uma forte preocupação formal, Agnaldo revela a consciência de suas escolhas plásticas, e o caráter moderno de suas opções. Obras de Agnaldo dos Santos hoje integram acervos relevantes como os da Pinacoteca de São Paulo, Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, MAM Bahia, além de importantes coleções particulares.

Título não identificado, data não identificada

madeira
46 x 23 x 20 cm

Título não identificado, c. 1961

madeira
36 x 16 x 16,5 cm

Cabeça de Rei, c. 1955

madeira
32,5 x 18,5 x 18 cm
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