A produção de Alberto da Veiga Guignard elaborou questões formais do modernismo de maneira profundamente original. Reconhecido como o pintor de um mundo singelo, em estado de suspensão, Guignard dedicou-se a praticamente todos os gêneros da pintura - retrato, autorretrato, paisagem, natureza morta, pintura religiosa e de costumes. Nas paisagens de Guignard figuram as montanhas e cidades de Minas Gerais, com a aparência de vistas distantes, silenciosas, de qualidade fluida e sutil. Ao abordar a paisagem e a natureza, que estão entre seus temas preferidos, Guignard se aproxima do fantástico e do imaginário e revela o interesse por motivos decorativos e por certo orientalismo modernista.
Ao longo de sua trajetória o artista produziu pinturas, desenhos, colagens e painéis decorativos. Além disso, foi uma das figuras mais atuantes de seu tempo, participando da formação de toda uma geração de artistas, através de suas atividades de ensino na Escola de Belas Artes, em Belo Horizonte. Entre seus alunos incluem-se nomes como Wilma Martins, Lygia Clark, Amilcar de Castro e Farnese de Andrade.
A produção de Guignard constitui um ponto de referência indispensável para a formação da pintura brasileira. Por mais que se afirme moderna, sua fatura caracterizada por transparências e indefinições contraria alguns dos princípios da arte moderna, o que manifesta a singularidade de sua arte. Em conhecida leitura, o crítico de arte Rodrigo Naves observa circunstâncias em que a obra de Guignard revelou impasses do processo de modernização brasileiro. Outras leituras, como a do artista e teórico Carlos Zílio, destacam o modo como ele assimilou as principais referências vanguardistas como o fauvismo e expressionismo, através de uma ótica muito particular. Fato é que Guignard esteve diretamente envolvido nas discussões em torno da arte moderna brasileira, principalmente a partir da década de 1930, mas não de um ponto de vista nacionalista. Seu trabalho percorreu experiências vanguardistas, como o surrealismo, ao mesmo tempo que prezava pelo legado de uma “memória cultural do ocidente”.
Na juventude, ele desfrutou de uma formação artística europeia, em um primeiro momento na Alemanha, na Real Academia de Belas Artes de Munique, e em seguida em Florença, onde teve contato com as obras dos grandes mestres do Renascimento. Era um admirador de Matisse e de impressionistas, como Raoul Dufy.
De volta ao Brasil e instalado no Rio de Janeiro, em 1929, após cerca de 20 anos vivendo em diferentes países europeus, Guignard se depara com um ambiente artístico ainda provinciano, e encontra em Ismael Nery o principal interlocutor. Em 1944, por um convite de Juscelino Kubistchek, então prefeito da capital mineira, Guignard foi professor de um curso de pintura na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, atualmente, Escola Guignard.
Começou a participar de exposições coletivas ainda na década de 1920 e realizou sua primeira individual em 1930. Integrou importantes mostras dentro e fora do Brasil, entre elas diversas edições dos Salões de Arte da Escola Nacional de Belas Artes; exposições da Sociedade Paulista de Arte Moderna; Bienais de Veneza de 1928 e 1952; além de diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo. Além do próprio Museu Casa Guignard, em Ouro Preto, MG, suas obras integram os principais acervos brasileiros, entre eles: Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP; além do Museum of Modern Art – MoMA, Nova York, entre outras instituições.