A pintura de Ismael Nery é influenciada pela geometrização das formas e intersecção de planos perpendiculares do Cubismo, apresentando elementos expressionistas e surrealistas em sua temática. Neste ponto, ele se aproxima de outros modernistas brasileiros: absorve, incorpora e digere o modernismo europeu em sua obra.
Porém, ao contrário de seus contemporâneos, os temas nacionais ou a busca por uma arte genuinamente moderna e brasileira, interessavam menos a Nery do que questões filosóficas, existenciais e sentimentais. Sua arte trata mais do íntimo e universal do que da brasilidade ou das próprias questões da pintura, mesmo que recorra aos procedimentos modernistas na sua forma.
A figura humana estilizada é um elemento recorrente em suas pinturas. Seus personagens são alongados, de formas cilíndricas e ovais, aparecem em ambientes oníricos, espaços irreconhecíveis fora do tempo e da realidade imediata. Ao longo do tempo, o artista passa de uma paleta mais sóbria de sépia para cores mais vivas.
Esquecido por muito tempo, Ismael Nery passa a ser revalorizado em meados da década de 1960 com exposições realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.